terça-feira, agosto 24, 2010

Existe ou não a predestinação?


Não creio na predestinação individual, como se Deus houvesse amado a uns mais do que a outros, antes mesmo de nascerem. Não consigo conceber o Criador traçando um plano para salvar os “previamente amados” e condenar outros, os “menos amados”, sem sequer dar-lhes a opção de escolherem se querem ou não a salvação. É impossível conceber a ideia de que todos teriam um destino predefinido antes mesmo de nascer.

Se o homem não tivesse autoconsciência e livre-arbítrio, não teria culpa de absolutamente nada. E um estuprador ou qualquer outro malfeitor não poderia ser acusado nem condenado, pois esta seria sua única opção. Então, Deus, que o criou assim, não poderia puní-lo; afinal, sem livre-arbítrio, ninguém teria condições de agir de outro modo.

A Bíblia fala de eleição (1Cr 16.13; Is65; Rm11;Cl3.12; Tt1.1; 1Pe1.2; Ap17.14) e de predestinação (Rm 8.29,30; Ef 1.5,11). Mas não num sentido individual. Tais textos se referem ao destino coletivo dos santos do Antigo e do Novo Testamento; aqueles que deliberadamente escolhem obedecer a Deus e à Sua Palavra.

No Novo Testamento, os eleitos de Deus são todos aqueles que creram em Jesus e aceitaram o senhorio dele, tornando-se participante da Igreja. A partir dessa experiência pessoal, chamada de salvação, tais pessoas passaram a desfrutar da comunhão com Deus pelo Espírito Santo que veio habitar nos cristãos (pequenos cristos), para moldá-los à imagem divina de Jesus, de quem se tornaram irmãos e co-herdeiros, tendo direito ao céu e à vida eterna.

Andeis como é digno da vocação (...) querendo o aperfeiçoamento dos santos (...) até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus,(...) para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens...(Ef 4.1,12-15).

Leia também Romanos 8.17; 2Co 3.18 e Ef 5.1.
É claro que Deus, sendo onisciente, sabe de todas as coisas, inclusive quem será salvo e quem não será. Mas isto não significa que Ele tenha predestinado uns para o céu, e outros para o inferno. Afinal, Deus criou o ser humano e concedeu-lhe livre-arbítrio, responsabilizando-o por seus atos e suas escolhas. Se não fosse assim, a promessa de salvação não seria condicional: aquele que perseverar até ao fim será salvo (MT 10.22; 24.13; Mc 13.13). Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida (AP 2.10).

Deus deseja que todos se salvem, mas muitos não atendem ao seu chamado. Se não existisse livre-arbítrio, o pecado da humanidade teria sido um plano do próprio Deus, como se Ele tivesse traçado esse destino de pecado e morte para o homem. Isso é um absurdo teológico!

Logo, a incompreensão dos conceitos de eleição e de predestinação tem servido de base para a defesa de uma “predestinação fatalista” que não tem base bíblica; a qual se vale de um texto sem o contexto. Isto infringe a hermenêutica bíblica e compromete a sã doutrina cristã.

Por fim, deixamos um texto do Antigo Testamento que serve de alerta e de base para todos aqueles que desejam ser salvos e tronar-se eleitos e predestinados ao céu.

Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu a minha casa serviremos ao SENHOR (Josué 24.15).
Que as bênçãos de Deus sejam derramadas sobre sua vida.

Texto: Silas Malafaia é psicólogo clínico, conferencista internacional e pastor evangélico

Nenhum comentário: