domingo, julho 03, 2011

MOISÉS: O MISTÉRIO DA MORTE





“E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça.” - (Gálatas, 5:3-5)

Com mais de dois bilhões de adeptos no mundo, o cristianismo deve a sua existência ao trabalho incansável de um homem chamado Paulo. No princípio, o apóstolo foi um perseguidor da igreja nascente. Chamava-se Saulo e respirava ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, onde ele pudesse alcançá-los.



Depois, numa aparição na estrada de Damasco, foi convertido pelo próprio Jesus e tornou-se Paulo de Tarso, o mais dedicado apóstolo de Cristo. Foi ele o fundador das primeiras comunidades cristãs em terras gentias, dando-lhes sentido teológico e ordenando-lhes um corpo de doutrina, de modo que não se perdessem na ortodoxia dos judeus, nem no pensamento racionalista dos gregos.

Ler as cartas do apóstolo Paulo é se deliciar com a história do cristianismo no primeiro século. É alegrar-se com a coragem desse novo David que, mesmo solitário, lutando contra tudo, não deixou de amar o seu Senhor, até o fim de seus dias. Mas também, é de se entristecer, em ver que os crentes daquele tempo, assim como os de hoje, não compreendiam a Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Preferiam as fábulas e o andar pendurados nas coisas antigas e velhas.



Uma das igrejas que mais deram trabalho a Paulo, foi a igreja de Corinto. Duas cartas escritas pelo Apóstolo a esta igreja fazem parte do Novo Testamento: I Coríntios e II Coríntios. Os textos são de constantes admoestações, em face dos desvios que aconteciam nessa comunidade. Os cristãos não podem deixar de ler e meditar nas epístolas de todos os apóstolos, mas estudar as cartas paulinas, é indispensável para a boa formação do discípulo de Jesus.

A comunidade cristã de Corinto não foi somente a igreja mais trabalhosa do apostolado de Paulo, mas é também a imagem de certas igrejas evangélicas dos nossos dias. Quisesse o bom Deus enviar alguém no mesmo espírito de Paulo, para nos ajudar com tantas práticas e conceitos que estão nas igrejas e que, de modo algum têm a ver com o cristianismo ensinado por ele.



Mas, como não temos esse Paulo, precisamos por nós mesmos, descobrir os caminhos para onde seguir. Não podemos continuar repetindo os velhos equívocos. Então, quem foi os grandes inimigos de Paulo nas igrejas orientada por ele? A resposta não é muito difícil: era a presença de doutrinas vindas da Grécia e dos próprios judeus.

Em Corinto, costumava-se falar certa “língua dos anjos”, uma manifestação de espírito, onde as pessoas ficavam possuídas e falavam coisas enroladas, que ninguém conseguia entender. Paulo teve de fazer severas admoestações aos Coríntios, na sua Primeira Carta, no capítulo 14. Ele deixa claro que o dom de línguas não era um fenômeno desejado na igreja, pois era um sinal para os infiéis. Desejava um outro dom, o chamado “dom da profecia”, que muitos confundem com o espírito de adivinhação.



Na igreja da Galácia, o problema era o judaísmo. Discípulos ligados a Tiago achavam que o cristianismo deveria seguir atrelado a determinadas práticas judaicas. O ponto capital estava na circuncisão. Ora, a circuncisão fazia parte da lei de Moisés, abolida por Cristo. O laço com Deus, através de Jesus, estava agora no coração e não na carne. Quando escreveu aos Gálatas, Paulo disse que se alguém observasse um só preceito da lei, obrigado estava a observar toda a lei. E agrava ainda a situação quando ele diz que se alguém andar pelo Antigo Testamento, destituído da graça de Cristo está.

Se Apóstolo vivesse nos nossos dias, ficaria surpreso ao deparar nas igrejas cristãs, com muito dos males que combateu na sua época. Não são poucos os pastores e líderes religiosos envolvidos com idolatria, língua dos anjos, e muitas condutas relacionadas ao Antigo Testamento. Na sua simplicidade, o povo caminha na ignorância das coisas de Deus, achando que fazendo obras exteriores, está se justificando diante do Pai.



Mal sabe ele, que ao obedecer a um preceito da lei antiga, está abrindo mão da Graça de Jesus e se sujeitando novamente a Moisés, quer dizer, ao “ministério da morte”, como foi chamado o Ministério do antigo profeta. Seguir o Antigo Testamento é abrir mão de Cristo.



Mas e os mandamentos? O que vamos fazer sem eles? E quem disse que os mandamentos vão ser abandonados? Cristo é o cumprimento da lei e dos profetas. Crendo no Filho de Deus e aceitando o sacrifício da cruz, como a única via de salvação, todos os mandamentos se cumprem naturalmente.



Não pelo caminho da obediência, mas pelo caminho do amor, que abundantemente nos é dado por Deus na pessoa de Cristo. Nada precisamos a não ser a fé no Filho de Deus, Senhor e salvador de todos nós. AMÉM.


Texto: Rádio Despertai

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